sábado, 20 de setembro de 2008

De volta às aulas


As férias chegaram ao fim!

Está aí um novo ano escolar! E rever colegas e amigos é motivo de alegria para todos.

Alunos e professores vão enfrentar novo desafio, tanto maior, quando esse desafio é longe de casa e da família.

Ao longo de trinta e dois anos, senti este misto de sentimentos que é o retorno à escola! O fim de um tempo de férias...e o regresso ao trabalho com tudo o que lhe é inerente de bom e aliciante, mas também de menos gratificante e até penoso! E só os professores sabem do que falo.

Mas o tempo não para! E o meu tempo chegou ao fim, na carreira de professora.

Depois de tantos anos... este ano não regressei à escola, no dia um de Setembro. Foi um dia estranho! Uma sensação algo libertadora e ao mesmo tempo de alguma nostalgia!

Nostalgia...porque senti falta daquelas carinhas que revia ou via pela primeira vez naquele início de todos os anos... algumas assustadas... outras expectantes... e muitas a transbordar de alegria! Senti também falta do reencontro com os colegas e toda a comunidade escolar, sempre com novidades e tanto para contar, após o merecido descanso.

Libertadora...porque "ser professor" hoje... não é mais o mesmo que me guiou pelo sonho de "o ser"! Todos sabemos que os tempos mudaram e ainda bem! Sem reformas não há progresso! Mas para os professores os tempos mudaram demais e de forma desajustada. Tanto mais...quando o professor é empurrado ou mesmo violentado a aceitar funções, sob pena de ser penalizado e para as quais não sente qualquer aptência e até desvirtuam o "ser professor" aquilo que se escolheu por vocação como projecto de vida.

Mas com cargos tais como: direcção, coordenação, avaliação, formação, planificação, apoio ao estudo... uma infinidade de papéis para dar cumprimento e ainda as intermináveis reuniões... o tempo que resta é insuficiente e deixa pouca motivação e mesmo desânimo para "ser professor". Em paralelo, há ainda a componente "família" que é tantas vezes preterida, em prol de outras obrigações a que o professor não se pode escusar e tem de dar prioridade mesmo em casa.

E ainda nos queixamos dos meninos de hoje!! Tão pouco acompanhados pelos pais, deixados em creches e escolas a maior parte da sua vida...sem o precioso tempo dos que os puseram neste mundo, para os ajudar a crescer e a viver com eles, as mais belas experiências do seu desenvolvimento...É utópico, desejarmos que estas crianças cresçam com parâmetros de desenvolvimento normais e sejam felizes! Agressividade, hiperactividade, falta de valores, desmotivação...não serão frutos desta turbulência? Os meus filhos que cresceram num outro tempo de "ser professor", seriam as mesmas pessoas que são? Penso que não! A escola deixava-me muito tempo útil para eles e isso foi importantíssimo para crescerem com equilíbrio emocional e serem crianças felizes.

Seria desejável que os decisores, no governo deste país, reflectissem sobre estas questões e introduzissem políticas inovadoras, no sentido de tornar mais motivadora e mais profícua a caminhada dos professores que "o querem ser", deixando ao seu livre arbítrio, as suas escolhas... na carreira.

Entendo que seria um ganho para o conhecimento e para a felicidade!

3 comentários:

joao loureiro disse...

Quando eu andei na escola primária nunca encontrei nenhum aluno,colegas ou outros que gostassem de regressar à escola depois das férias.
Nesse tempo a escola do ponto de vista dos alunos era um local de tortura.
Suponho que só depois do 25 de Abril as coisas foram melhorando devagar.As minhas caras colegas, suponho que também sofreram essas torturas.
Eu nem por isso sofri muito,mas incomodava-me muito ver sofrer os meus colegas e saber que depois das férias voltávamos ao mesmo!

Anónimo disse...

Ser professor por vocação!
Só esses professores podem entender do que estás a falar!
(entrar-se na sala de aula com uma dor de cabeça e sair curado, pronto a enfrentar os desafios da vida...)

Anónimo disse...

Quanto ao comentário do colega J.Loureiro,não concordo plenamente com ele .
Pois se havia colegas que torturavam,deviam ser minorias, eu tenho é memórias de colegas que davam algum carinho e bens materiais de que tanto precisavam as crianças naqueles tempos de vacas magras.(não eram sbsidios do governo,eram comprados com o seu magro salário).