terça-feira, 2 de setembro de 2008

Mais Fernando Pessoa

Excerto de um poema muito grande cujo nome é "Dactilografia" sob o pseudónimo "Álvaro de Campos"

Na véspera de não partir nunca
Ao menos não há que arrumar malas
Nem que fazer planos em papel,
Com acompanhamento involuntário de esquecimentos,
Para o partir ainda livre do dia seguinte.
Não há que fazer nada
Na véspera de não partir nunca.
Grande sossego de já não haver sequer de que ter sossego!

3 comentários:

dina disse...

Ainda mais...Pessoa!!!
Um dos meus preferidos:
Mar POrtuguês

Ó mar salgaddo,quanto do teu sal /São lágrimas de Portugal!/
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,/Quantos filhos em vão rezaram!/Quantas noivas ficaram por casar/Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena/Se a alma não é pequena./Quem quer passar além do Bojador/Tem que passar além da dor./Deus ao mar o perigo e o abismo deu,/Mas nele é que espelhou o céu.

Anónimo disse...

Grande sossego de já não haver sequer de que ter sossego...
-Isto revela a mais profunda das solidões!

joao loureiro disse...

Vou continuar a citar Pessoa, porque neste ano de 2008 se comemora o 120º. aniversário do seu nascimento.
Também porque a sua poesia, além de uma obra muito extensa continua ainda hoje a ser muito inovadora, ao mesmo tempo bela e profunda e só aparentemente contraditória.
Os heterónimos que usa para melhor exprimir o seu pensamento parecem-me únicos, que eu saiba, a nível mundial.