terça-feira, 15 de julho de 2008

Delirando

A lua é um disco
O sol é moeda
A terra é nada
Com o disco se sonha
Com a moeda se compra
Uma lágrima é guerra
A guerra um mar
No mar a jangada
À deriva me leva
Ao sabor da corrente
Ao sopro dos ventos
Dos bons e dos maus
Ventos sem norte
Sem leme a jangada
A lua é disco
Que já foi escutado
O sol não é moeda
A terra é inundada
Apenas há mar
A jangada perdida
E nela só eu
Meu olhar que prescuta
Avistando sómente
O ondular da massa líquida
Ai!... a jangada se afunda
E descendo estou
A espiral
infinita
do nada...

2 comentários:

dina disse...

Tantas...leituras possíveis neste excelente poema!!!

A terra é mesmo nada...é pó... como diz a Bíblia! É tão efémera...tão vulnerável!
Como será com o degelo?
Tenho tanto medo da água!Tenho também pavor da jangada!
Haverá jangada que nos salve?
Já me vi a descer essa espiral infinita do nada...a entrar por um buraco negro! Sempre que adormeço com anestesia...ou algures... em pesadelos!
É uma descida assustadora!!!
Vamos ficar a pensar que isto não passa de ficção!

joao loureiro disse...

Maravilhoso poema.
Todos nós nos afundaremos um dia...
Que para a lulu esteja muito longe esse dia !!!